Hoje
o Vasco da Gama fez sua estreia no Campeonato Carioca. Foi a campo enfrentar o
Bangu em São Januário. O jogo é tratado como um clássico do futebol carioca devido
à tradição do time de Castor de Andrade, o último a ser campeão sem ser um dos
quatro grandes, em 1966, e pelos tempos de ouro em que chegou a ser vice-campeão
brasileiro em 1985.
São
Januário estava lindo como sempre, mas dessa vez seria melhor vê-lo lotado com
sua apaixonada torcida, que certamente devia estar com saudades de sua casa, e
gostaria de estar presente, apesar dos pesares. Mesmo com os portões
fechados, um pequeno grupo de torcedores esteve em São Januário, a fim de
apoiar o Gigante da Colina, porém, pouco adiantou.
O
jogo começou com a cara do verão carioca. Cara de fim de tarde de um dia muito
quente. O triste som de um jogo com portões fechados embalava o início da
partida. O jogador batendo na bola, os técnicos chamando a atenção de seus
jogadores, os gritos dos jogadores em campo, sons que normalmente passam
completamente desapercebidos numa transmissão.
O
jogo foi muito apático. O Vasco começou jogando bem e mantendo a posse de bola,
no entanto parecia não saber o que fazer. Faltava criatividade. Logo no início
da partida, aos cinco minutos o Bangu finalizou com uma cobrança de falta,
Martín afastou a bola sem muito esforço. Logo depois Evander chegou a finalizar
contra o gol adversário, mas sem muito perigo. Paulinho também finalizou depois
de uma boa jogada individual. Enquanto isso, Evander mostrava mobilidade dentro
de campo e que queria jogo, e aos 25 minutos cabeceou na trave.
O
bom início do Vasco na partida não se manteve por muito tempo, depois de
diminuir o ritmo ao decorrer do primeiro tempo, o Bangu começou a mostrar pra
que tinha ido a São Januário, passou a jogar como quem dizia: “Sei que vocês são
os donos da casa e viemos pra respeitar, mas se der pra sair com os três
pontos, vamos fazer por onde”. E fizeram. Aos 41 minutos, após uma falha
conjunta de Wellington e Henrique na marcação, Rodney abriu o placar para o
time visitante.
O
Vasco voltou pro segundo tempo e não demonstrou qualquer reação. Pode ter sido
o peso do início de uma temporada, o calor, a falta de entrosamento... Ou pode
ter sido também: a instabilidade política, a concentração tardia, os dois meses
de salários atrasados, a falta de sua torcida... Enquanto os vascaínos se
questionavam pra encontrar a resposta para derrota que se encaminhava, o Bangu
estava mais focado em manter a sua vitória, e assim foi. Novamente, contando
uma falha da defesa cruzmaltina, Anderson Lessa marcou para o Bangu e
sacramentou a Vitória.
E
pra fechar com chave de ouro, o craque experiente recebeu o segundo cartão
amarelo por reclamação (POR RECLAMAÇÃO) e foi expulso. Com salários atrasados,
pra que perder o final de semana jogando contra o Nova Iguaçu com todo esse
calor escaldante, não é mesmo? Aposto que esse não foi o pensamento do nosso
craque, certamente ele deve ter ficado apenas muito irritado com o juiz.
Se
havia alguma dúvida se a derrota deveu-se apenas ao fato de que o Bangu vinha
treinando desde novembro, enquanto o Vasco ainda estava voltando e ainda faltava
entrosamento, devido à entrada de peças novas, e que não tinha nada a ver com a
instabilidade vivida na diretoria do club, Martín Silva sanou a dúvida de vez.
Após o jogo, o goleiro não fugiu da raia e respondeu de maneira muita clara,
objetiva e sensata, o sentimento do elenco cruzmaltino em meio a tudo isso. Martín
mostrou insatisfação com toda a instabilidade que o Vasco está tendo que lidar
e falou como tudo está a atrapalhar o elenco, e que tudo isso influencia no
desempenho do time. Martín citou o fato de estarem com os salários atrasados,
de não saberem se jogariam hoje ou não, e por terem que jogar com os portões
fechados. O tom de desabafo foi ainda maior quando falou sobre a Libertadores,
o uruguaio demonstrou-se muito chateado com a questão da incerteza das
passagens, destacando o quanto o time se esforçou para se classificar para a
competição.
Após
cinco anos sem vencer um clube grande do Rio, o Bangu saiu hoje de São Januário
com esse jejum quebrado e pensando no próximo confronto. Enquanto nós,
voltaremos nossas atenções para as eleições, para depois nos preocuparmos com o
Nova Iguaçu.
Milca Jarrah
Nenhum comentário:
Postar um comentário